domingo, 10 de junho de 2012

Oculto



Doce e suave é o tom da música. Nas cordas estão os sentimentos. Na batida do baixo, estão as batidas descompassadas do coração. E na guitarra, é possível ouvir a voz que clama por ser ouvida. A intensidade da melodia é o furor do sentimento. Porque há vezes nesta vida, que só mesmo a música pode traduzir o que sentimos.

Tal descompassamento, harmonizado com nossos movimentos, cria um ser que chora, que ri, que sonha, que deseja. Que suspira, se deprime, reflite, que vive, que morre... Em meio àquelas notas, àqueles versos, vidas são contadas, sonhos são expostos, identidades reveladas. Tudo em meio à mágica que é a criatividade humana. Em meio a tantos balbúrdios sonoros, encontramos aquelas que têm autenticidade. Que dentro de si mesmas trazem a assinatura do autor, que já não é mais autor, porque mistura a si mesmo dentro de sua própria criação, pensando em tudo que queria que houvesse sido, ou que queira ser.

É, incrivelmente, cada verso é como um dia. Um passo à frente na construção da obra da vida poética, que nos leva ao universo paralelo que enxergamos, ou queremos enxergar. E, ao ver os universos alheios, nos imaginamos lá dentro, criando os nossos próprios, nos quais estamos quase sempre mais perto da felicidade, ou do que julgamos que ela seja. 

Inspiração. Doce criança travessa a brincar de esconde-esconde conosco, indo e vindo em suas gargalhadas inocentes, e expondo ao mundo nosso mundo interno. Mas o mais engraçado disso tudo talvez seja que, em meio a todos que têm sua própria interpretação para o que lêem, existe alguém que vai enxergar exatamente o que você escreveu. E isso é o que de melhor pode acontecer a qualquer um. Porque naquele pequeno momento, mesmo que por alguém que você nem tenha ideia de que exista, você foi compreendido.


Um comentário:

  1. Belíssimas palavras, como sempre! Suas palavras são veículos que transportam sentimentos. ;)

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