sábado, 18 de agosto de 2012

Naufrágio



O céu se fecha, e os trovões rimbombam pelo céu. As ondas se levantam, e a espuma salgada do mar agride o pequeno barco em que estamos. Lutamos para tirar a água, porque ela se acumula cada vez mais dentro de nosso pequeno porto seguro em meio a toda aquela imensidão. O escuro atemoriza, porque a única luz que temos é a dos relâmpagos a incendiarem o céu. Então, no meio de nossa batalha, um deles atinge o mastro. O barco se parte, e a embarcação cede, não restando nenhum outro caminho senão o mar.

Ainda atônitos pelo susto, lutamos com cada músculo contra a força das ondas. O gélido abraço cada vez mais forte segue paralisando os braços, as pernas, e o cérebro começa a fraquejar. Porque ninguém vive em meio a tanto frio, sem um apoio para os pés, e uma luz que guie seu caminho. A escuridão total leva à inexistência, pois como é possível distinguir o redor, se já não podemos ver nem a nós mesmos?

Não restando mais esperança, seja pelo motivo que for, nos entregamos. Porque não temos força para prosseguir, não sozinhos. Não perante tamanha adversidade, porque somos pequenos demais para algo tão abrasador. E, neste momento em que nos entregamos, olhamos por uma última vez para o mar, encontrando inúmeras outras pessoas que se encontram na mesma condição. Pensamos em como a vida é dura, e em como ela pode ser injusta.

Então, se destacando no meio daquela multidão de almas em desespero, vemos uma que se destaca sobre as águas. Um vulto que caminha levantando os outros. Acreditando que o frio e a água que engolimos foi o suficiente para retirar nossa sanidade, nos entregamos, nos deixamdo levar para as profundezas do mar, guiados pela certeza da racionalidade que diz que não há mais como viver...

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