domingo, 28 de outubro de 2012

Contra a corrente


Seguir o curso é uma tendência natural. Os rios seguem um curso, os ventos, até mesmo o tempo só segue em uma direção. Mas isso porque eles seguem firmes rumo ao objetivo. Estar na direção da corrente, em termos de sociedade, ideias e atitudes nem sempre é estar no rumo de nossos objetivos. A ideia atual é de que a maioria tem a razão mas, na verdade, o que se faz é tentar agradar o maior número de pessoas possível, e nem sempre elas têm razão.

Ter a capacidade de pensar por conta própria, e ter a coragem de decidir o rumo que se deve tomar é um ato de coragem, senão de sabedoria. Saber que acima do que nossa sociedade nos dita, existe o que realmente vai ser melhor para nós ou não, e isso é exercer o próprio senso de crítica. 

E, a partir do momento em que deixamos de seguir o curso tomado como padrão, começam os choques. Porque tudo que vem na direção contrária nos atinge e, neste momento, é que temos a percepção de para onde é que devemos ir. Porque multidões desordenadas são como bandos de pássaros: viram para esquerda, para a direita, retornam, e não têm sequer ideia do porquê.

Pedras, paus, e todo o entulho que estiver vindo, acertarão nossos corpos desprotegidos. Mas quanto mais se caminhar, mais se perceberá que é o rumo certo. O desafio é continuar caminhando, contra a tendência dita como sendo natural, porque se sabe que ela não o é. Muitos podem chamar de loucura mas, ao invés disso, talvez ela seja apenas um mero exercício de coerência. E isso, no final, irá definir se chegamos ao final da estrada onde estamos, ou se apenas voltamos ao início dela.


Um comentário:

  1. Permitir a si mesmo que conduza a própria vida... E não deixar que a vida simplesmente te leve. Por mais que seja difícil de lidar com a pressão, ira ou sofrimento alheio por não aceitarmos as imposições feitas, que muitas vezes nem são pelas pessoas, mas por seus valores, orgulhos, egos ou a sociedade, o tempo mostrará que este ato de coragem e autocontrole era a coisa certa a se fazer. Querendo ou não, os dias passam e as feridas cicatrizam, mesmo que lentamente, mesmo que a gente não queira que isso aconteça. Deixar de decidir, de agir, já é uma atitude: uma atitude não feita; que terá as suas consequências, prazeres e desgostos como qualquer decisão que tomamos. A vida é uma só, e já é difícil saber qual será o “momento certo” das coisas, tendo em vista que nem sabemos se este “momento” realmente existe. Nada na vida é cronometrado, ou mesmo controlável. Embora algumas coisas não dependam da gente, muitas e muitas outras temos o poder de administrar, nem que seja pela forma de encarar a situação. É difícil conciliar decidir sem pensar nos outros... Mas também são em momentos assim que descobrimos, para a nossa (in)felicidade, quem realmente está no nosso lado, que quer o bem, ou que nos mantém para algum objetivo egoísta. Por mais que doa no coração... Compreender, apoiar, também é um ato de amor.

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